quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Brotas: O Coração Verde de SP bate forte


Irrigada pelas corredeiras do Jacaré Pepira, a “capital do turismo de aventura” continua mais verde do que nunca e atrai milhares de turistas.

Por: Carlos Rodrigues
        rotasbrasil@hotmail.com

Como um presente do céu, protegido na densa e preservada Serra do Itaqueri (960 metros de altitude), nasce o rio Jacaré Pepira. O sinuoso afluente contribui com as águas mais limpas da bacia do Tietê e se associa ao relevo da região para promover um espetáculo quase indescritível. O rio é responsável pelo título que a população de Brotas (SP) defende com orgulho: o de “capital do turismo de aventura”. A cidade acolhedora, onde a população se envolve cada vez mais com a indústria do turismo, foi o primeiro destino da coluna Rotas Brasil.
Brotas (SP): 220 kms de Marília e 249 da capital (foto: Carlos Rodrigues)

Uma cachoeira aqui e outra ali, extensas áreas remanescentes de mata atlântica e cerrado; todos os caminhos levam ao rio. E levam para uma “simples” contemplação da natureza, nos mirantes que permitem visão privilegiada no Parque dos Saltos, ou ainda para um rafting radical em um percurso monitorado de 10 quilômetros de corredeiras, com quedas de até 3,5 metros.

 Embora sinônimo de aventura, a cidade se organizou para oferecer alternativas para todos os públicos. A descoberta de Brotas como destino turístico, com divulgação internacional, é relativamente recente. “Foi no tempo certo, quando já tínhamos uma clara noção de que o turismo não existe sem preservação”, afirma o turismólogo Thomaz de Siqueira Arello, que trocou o Rio de Janeiro pelo interior paulista.

Rafting nas corredeira do rio Jacaré-Pepira, com equipe da Território Selvagem - Canoar (fotos: Ricardo Farani Costa)
Ele faz parte de um contingente de profissionais especializados, que em pouco mais de uma década ajudou os investidores locais e regionais a transformar as belezas de Brotas em um grande negócio. “Tom”, como é conhecido, coordena a equipe de monitores do Grupo Peraltas. O empreendimento turístico é o mais completo da cidade. Surgiu como uma colônia de férias na década de 70 e hoje inclui o Brotas Eco Resort e o CEU - Centro de Estudos do Universo. (veja indicação de serviço ao final do texto)

Grupo se diverte nas corredeiras (foto: Ricardo Farani Costa)
Quem chega a Brotas percebe, e se beneficia, com a integração dos serviços. Hotéis, pousadas, receptivos, restaurantes e empresas “especializadas em adrenalina” estão em sintonia. É o típico acolhimento de cidade pequena, com profissionalismo de quem já é grande. Além de facilitar a vida do turista, a integração faz com que todos ganhem. O resultado é clientela satisfeita e economia em movimento até na baixa temporada.

Na correria após o casamento, o comerciante Eugênio Pegorin e a esposa Gláucia pularam o check-list na hora de fazer as malas e os tênis dela acabaram ficando para trás. “Já estava chateada, achando que ia ter que ficar no hotel, mas uma das funcionárias ouviu meu comentário. Na hora, ela ligou aqui na empresa do rafting (Território Selvagem - Canoar) e arrumaram um tênis para eu usar e não perder o passeio”, conta Gláucia. Para ela, a busca de soluções e o diálogo para o bom atendimento fez toda a diferença.

Radicalize, ou simplesmente, sinta

Parque dos Saltos (foto: Felipe Luís)
Entre as dezenas de atrações, destaque para o rafting no rio Jacaré Pepira, caminhadas nas trilhas, visitas às cachoeiras e o voo do Tarzan (um percurso de 1 km de tirolesa, sob um vale com até 120 metros de altura). Os passeios partem dos hotéis ou das empresas especializadas. Como normalmente os receptivos atendem grandes grupos, o meio de transporte mais usado é o bom e velho buzão.

No caminho, muita animação. Nestes ônibus, o mau humor não tem assento. É difícil não se comportar como uma criança a caminho do recreio. O bom humor parece requisito obrigatório para conquistar uma vaga como monitor e instrutor nas empresas de Brotas. Talvez seja uma preparação para a seriedade das instruções que antecedem algumas atividades, principalmente as de aventura.
Arara no viveiro do Brotas Eco Resort (foto: Carlos Rodrigues)

No rafting, por exemplo, as orientações são transmitidas de duas formas; teoria em terra e simulação em água represada. Sem pressa, os profissionais ensinam comandos de segurança, posicionamento no bote, remada e resgate.  Quem vai entrar num inflável e superar os 10 quilômetros rio abaixo tem que aprender, por exemplo, a importância da pegada na “zona T” do remo, a extremidade oposta à pá, que dá firmeza a remada. O equipamento pode ajudar no resgate de um companheiro que caiu na água, mas também pode machucar alguém que está embarcado, se for usado de forma inadequada.  
O velho e o eterno no Pq dos Saltos (foto: Carlos Rodrigues)

A rigidez do treinamento e a preocupação em “fazer tudo certo” normalmente se traduzem em concentração dentro e fora da d’água, o que torna o esporte seguro. Em condições normais (nível do rio adequado) para cair do bote é preciso muita “barbeiragem” ou falhas grosseiras, como não cumprir o comando que manda o remador sair da posição padrão (sentado na borda) para cócoras dentro do bote, durante as quedas mais acentuadas.

Além da diversão, a lição que se aprende num rafting é que raramente um barco vira, quando cada um faz a sua parte e assume o compromisso de manter a segurança do grupo. Para o diretor do receptivo  Território Selvagem - Canoar, Paulo Henrique Sales de Oliveira, isso explica porque cada vez mais empresas estão tirando seus funcionários de auditórios e aderindo ao chamado “treinamento outdoor”, com dinâmicas ao ar livre e esportes de aventura. “Esse é um segmento que tem crescido muito e abre novas perspectivas para o setor. Por isso, temos que estar preparados para atender todos os públicos”, afirma.

Vista de uma, das cinco piscinas do Brotas Eco Resort (foto: Carlos Rodrigues)
A escala de radicalismo dos passeios não está nos manuais, mas com muita habilidade e diálogo, os monitores dos receptivos de Brotas conseguem detectar o perfil dos viajantes e formatar as atividades, de acordo os interesses. Limitações por idade, sexo ou condicionamento físico são mínimas e alguns casos inexistem.
 
As palavras de ordem são criatividade e adequação. Aliás, foi observando o comportamento da cadela “Laika”, uma vira-latas que vivia às margens (e dentro) do Jacaré Pepira, que uma das equipes de rafting descobriu a possibilidade de oferecer aos turistas o chamado “rafting com seu melhor amigo”. A iniciativa foi um sucesso, tanto que já existe hotel em Brotas com canil para atender a demanda.

Pôr-do-sol em Brotas  (foto: Carlos Rodrigues)
Com respeito ao ser humano e ao meio ambiente, o “coração verde” de São Paulo pulsa mais forte, mantém desobstruídas suas artérias, se torna mais acolhedor e radical na medida certa. Faça as malas e vá para Brotas. Desfrute de momentos de muita adrenalina, ou simplesmente viva a experiência sensorial fantástica, e quase indescritível (quase) que compartilhamos com você.

Fotos podem ser inclusa no serviço (foto: Ricardo Farani Costa)
 Na próxima semana, a segunda parte da reportagem em Brotas. A cidade também tem turismo pedagógico e corporativo.

Rotas Brasil curtiu

Brotas Eco Resort
Fone: (14) 3653-9999 / 0800 722 7022

Território Selvagem Canoar
Fone: (14) 3653-3248 / (14) 3653-5592


Nenhum comentário:

Postar um comentário